17 março 2010
Marca de Amor
07 março 2010
Comunicação na Era Digital - 4
Colaboração: Ariane Lúcia Guindani Publicitária - FAE - Curitiba-Pr
Este é o último capítulo do artigo original Comunicação na Era Digital. Conforme lhes prometi, o mesmo foi publicado em 4 etapas.
4 - COMO AS EMPRESAS PODEM SE BENEFICIAR COM A WEB 2.0
Primeiramente, para destacar o benefício das empresas com a Web 2.0 é necessário fazer uma análise do cenário brasileiro. Uma pesquisa realizada recentemente pelo Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) aponta que 98% das 5,1 milhões de empresas do Brasil se encaixam no grupo de micro e pequenas empresas, e a movimentação delas representa 20% do PIB nacional. A maior parte dessas empresas possui acesso às tecnologias, e cerca de 70% delas têm acesso à internet, porém ainda se restringem ao envio de e-mails, serviços bancários e compra de mercadorias. Ou seja, ainda há pouca ou praticamente nenhuma interação na Web. Vale ressaltar também que um dos índices que mais se destacam nesse cenário, é que apenas 18% das empresas desse segmento possuem sites próprios e 14% lojas virtuais, ou seja, poucas utilizam a Web como forma de promoção e divulgação, sendo que as ações on-line tendem ser mais acessíveis ao orçamento dos empreendedores. Entretanto, já existem empresas que abriram canais de comunicação com seus consumidores, utilizando o potencial das ferramentas digitais para alavancar a divulgação on-line direta de suas iniciativas e produtos ou serviços, através de blogs corporativos, além de comunidades nas redes sociais. Interação, é a marca da Web 2.0, evolução da internet que estimula o usuário a compartilhar conteúdos, sugerir comentários e levantar discussões. A mudança é grande tornando-se um paradigma e um desafio aos empreendedores, pois muitos não sabem como agir diante de tais situações por medo de errar, mas o raciocínio é simples: se o produto possui qualidade, metade do marketing já está sendo feito. Isso acontece em um mundo em que a informação anda com muito mais velocidade, por isso é importante ser verdadeiro e passar a imagem certa para que além do incentivo das vendas, ainda haja comentários para as possíveis melhorias do produto ou serviço em questão. É necessário aproveitar o momento para fazer o negócio crescer, o publicitário André Fernandes menciona em seu artigo “A importância da Web 2.0 no negócio das MPEs” dez dicas essenciais que ajudam neste processo: - Expanda sua consciência: estude iniciativas/projetos de sucesso. - Converse com jovens nascidos na era digital: trocar idéias com quem vive diariamente a Web 2.0 traz ótimas lições. - Comece a usar as ferramentas da Web 2.0: escreva um blog, poste vídeos no YouTube e fotos no Flickr, aprenda a usar o Twitter. - Fique de olho no comportamento de seu setor de negócios no mundo digital. - Reúna sua equipe e faça uma lista de possíveis formas de usar a Web 2.0 em seu negócio. Premie as melhores idéias. - Reexamine seus objetivos. - Crie estratégia própria para Web 2.0, pense em seu marketing. - Busque sua palavra-chave: seja autêntico, seja o melhor “você” possível. - Perca o medo de errar: aja! Mexa-se agora. Teste. Fracasse. Aprenda. Adapte-se. Repita. - Não se esqueça da paixão: ela é o melhor termômetro quando se está no caminho do sucesso. Diante destas dicas, faz-se necessário analisar dois pontos nas empresas: (i) se estas estão seguindo as dicas; (ii) e o ponto principal, se estas estão se beneficiando com a utilização da Web 2.0. Em setembro de 2009, a consultoria McKinsey publicou um estudo denominado “How companies are benefiting from Web 2.0: McKinsey Global Survey Results” (parte do relatório “McKinsey Quartely”). Cerca de 1.700 executivos foram entrevistados em todo o mundo sobre os benefícios percebidos das implementações de Web 2.0, e 69% afirmaram que de alguma forma, as suas empresas tiveram algum ganho com as iniciativas, e apesar da atual crise econômica, continuarão investir em Web 2.0. Durante a pesquisa, os maiores ganhos percebidos foram em relação ao aumento da velocidade de acesso à informação em que através dos benefícios da Intranet pode-se observar que foram reduzidos 20% nos custos de comunicação e viagem. Já no relacionamento com o cliente, houve um aumento de 20% na lealdade e satisfação. Pode-se observar também como as empresas estão utilizando a Web 2.0: Blogs, RSS (really simple syndication), microblogging, Wikis, vídeos, mash-ups. Dentre estes, os mais utilizados são o compartilhamento de vídeo e Bolgs, os quais 50% das empresas pesquisadas utilizam tais recursos. A seguir seguem a utilização de RSS, Redes Sociais e Wikis com 42%, 45%, e 39% das empresas pesquisadas respectivamente. Dentre os menos utilizados citam-se o Microblogging (e.g. Twitter) e os Mash-ups com 20% e 14% das empresas pesquisadas respectivamente. As áreas que mais tiram proveito da Web 2.0 são vendas e marketing, onde os executivos estão mais preocupados em utilizar as ferramentas para melhorias internas na organização, em contraponto vendas que tem o foco no cliente externo. Abaixo o porcentual de empresas que perceberam pelo menos um benefício mensurável ao utilizar as tecnologias da Web 2.0: - Uso da tecnologia para ganhos na organização: Índia: 64% América do Norte: 62% Europa: 58% Ásia-Pacífico: 57% América Latina: 55% - Uso da tecnologia para ganhos no relacionamento com consumidores: Índia: 46% América do Norte: 54% Europa: 45% Ásia-Pacífico: 47% América Latina: 47% - Uso da tecnologia para ganhos no relacionamento com parceiros/fornecedores: Índia: 43% América do Norte: 36% Europa: 35% Ásia-Pacífico: 36% América Latina: 36% Fazendo uma análise dos resultados, observa-se que nos países que estão mais adiantados em relação à utilização da Web 2.0 ainda há 30% que não obteve ganho, sendo assim, conclui-se que as empresas ainda não sabem como extrair benefícios da tecnologia e há um excelente nicho de mercado a ser explorado. Seguindo este exemplo, há três empresas brasileiras que no ano de 2009 aparentam não ter entendido o conceito da forma correta. Como referência de êxito, no site da empresa Amazon os produtos podem ser comentados pelos consumidores e avaliados por eles, um comportamento relacionado com as premissas da Web 2.0 haja vista que há conteúdo gerado pelo usuário e criação de espaços de comunicação e interação entre as pessoas. A utilização de alguns princípios implicou em uma série de benefícios para a empresa. Porém, isso não acontece nos três exemplos brasileiros de lojas de varejo: - Casas Bahia: Maior varejista do Brasil iniciou a interação com a Web apenas em 2009, site no qual não há nenhum recurso que passe perto da possibilidade de avaliar um produto ou fazer comentários, apenas enviar e-mail com o link do produto. - Magazine Luiza: O pioneiro do comércio eletrônico no Brasil, também há apenas a possibilidade de enviar um e-mail a alguém com um link do produto. Não há interação. - Submarino: A empresa que é sinônimo de vendas pela Web no país parece ser a única que oferece esta funcionalidade, embora pouco explorada. Ao final das páginas dos produtos, é possível avaliar o produto e colocar uma opinião sobre ele. Mas não há destaque a esta ferramenta e não há incentivo para que seja usada. Talvez por conseqüência da má interpretação do conceito da Web 2.0, muitas empresas não estão sabendo usar a interatividade como diferencial competitivo. Este conceito pode ser vantajoso para as empresas que a utilizem, tendo em vista que a partir do momento em que ela está na Web ela está disponível para o mundo todo (virtualização de mercado). Neste novo espaço reconhecer a opinião do consumidor e saber utilizar deste benefício para melhorar os serviços oferecidos ainda é um ramo que poucos exploram, e que muitas empresas deixam de utilizar. A Web 2.0 é uma ferramenta prática, na qual as estratégias são traçadas conforme o orçamento do empreendimento, e quando bem utilizada, traz retornos positivos para qualquer empresa de qualquer segmento.