FRAIBURGO

28 maio 2018

O Caminho é a Educação

Coluna de Cacau Menezes em 27/05/2018:

“Não é de esperar que corrupto combata corrupto; que usuário de mordomia combata a mordomia; que o recebedor de salário acima da lei combata tal privilégio; que o parasita social, assalariado do poder público, que ganha sem trabalhar, combata a ociosidade... e, assim por diante. É essa gente que está mandando no Brasil – e as exceções existentes nos três poderes não desfazem a regra. Dessa gente, é tolice esperar solução honesta, para a baderna atual. Ela tem que ser derrubada e, pelas urnas não irá acontecer, porque a maioria do povo não sabe o que quer, vota cegamente em líderes carismáticos, mentirosos, fazedores de promessas que não cumprem, vende seus votos por um tanque de gasolina, e assim por diante... Constituição , voto, composição de poderes e outras responsabilidades é tarefa para quem tem a necessária qualificação!” 

Palavras de Glauco Olinger, que aos 96 anos, reafirma ao colunista o entendimento segundo o qual só a educação corrige o Brasil. Eu apoio.

Uma boa semana a todos e que Deus nos guie.

Ari

27 maio 2018

Essa Esperança É de Todos Nós.

"Sobre o movimento dos caminhoneiros, fui neste sábado num dos locais de concentração, às margens da BR-101 em Joinville/SC.
Pode-se dizer que um juiz de direito não tem nada com isso e não deve se envolver. Porém, como essa situação atinge a todos pessoalmente e porque também tem reflexos sobre um complexo prisional com 1.600 detentos sobre o qual tenho responsabilidades (até o momento tudo está sob controle e há alimentos suficientes para os presos para os próximos dias), como cidadão e como juiz da execução penal resolvi ver in loco esse movimento, no intuito de entender um pouco melhor tudo que está acontecendo.
No trajeto vi uma BR-101 vazia, como nunca tinha visto antes em toda minha vida. Seguindo, logo adiante vi ao longe uma bandeira do Brasil guindada a uma altura de uns 20 metros. Não vi bandeiras ou emblemas de partidos políticos, sindicatos ou organizações. Num posto de gasolina à direita no sentido Joinville/Curitiba, dezenas ou centenas de caminhões estavam estacionados. Não havia bloqueio da rodovia e os poucos veículos a transitar passavam livremente, alguns buzinando em cumprimento.
Nas margens da BR, não no acostamento, avistei barracas e um aglomeração de pessoas. Estacionei o carro e para lá me dirigi. Assim que me aproximei pedi para um grupo que conversava alto sobre o valor dos combustíveis para me levarem às lideranças do local. Eles muito educados disseram que não havia líderes mas sim organizadores. Uns do grupo me reconheceram e perguntaram por que eu estava ali. Disse o motivo, que era me inteirar da situação. Então eles pediram para eu os acompanhar e passaram a procurar no meio das pessoas alguém da organização. Vi muitas famílias, com crianças e idosos. Não havia música alta e tampouco percebi bebidas alcoólicas.
Encontramos um dos organizadores embaixo de uma barraca servindo sanduíches. Logo que fui apresentado uma roda de pessoas se formou para conversar comigo. Eles me relataram que tudo era para ter se resumido exclusivamente em uma passeata de protestos, nada mais, mas que com a enorme adesão e apoio popular de um lado e arrogância governamental do outro, o movimento cresceu e se tornou isso que vivenciamos atualmente. Afirmaram que ali estavam caminhoneiros tanto autônomos como empregados, todos unidos.
Apontaram as reivindicações, que em síntese eram a redução dos impostos sobre o diesel e uma política de preços previsível, que impedisse que um caminhoneiro saísse para viajar numa noite com o diesel num preço e fosse surpreendido na manhã seguinte com outro. Afirmaram que o acordo feito na quinta em Brasília não valia pois não atendia suas principais reivindicações e tinha sido feito por quem não os representava.
Estavam preocupados com tentativas de alguns meios de comunicação, segundo eles a pedido do governo, de dividir a população e o apoio que tinham até então. Manifestaram compromisso em agir pacificamente, mas estavam receosos com boatos de intervenção do exército para acabar com o movimento e me perguntaram se o estado podia usar da força para desfazer locais de concentração como aquele.
Conversei a respeito, pedindo que agissem sem violência. Ao final me despedi dizendo que esperava que tudo se resolvesse logo e sem transtornos maiores, dentro da lei, com a cidadania saindo fortalecida. Não tenho condições de concluir qualquer coisa, se esse movimento se caracteriza como greve ou se há algo articulado e oculto por trás disso tudo, lockout como dizem. O que sei é que deixei o local com a sensação de que a vida daquelas pessoas que diretamente encontrei às margens da BR-101 tem sido muito difícil e que estão agindo movidos pela esperança de dias melhores.
Creio que essa esperança é de todos nós.
João Marcos Buch é juiz da Vara de Execuções Penais de Joinville".

Um Bom domingo a todos.

Ari