Pesquisa revela pela
primeira vez como pessoas que viviam em cidades próximas ao vulcão morreram na
erupção de 79 d.C.
Em uma noite do ano 79 d. C., os habitantes das
cidades de Pompeia e Herculano, que pertenciam ao então Império Romano, foram
vítimas de uma das catástrofes mais famosas da história.
Foto: PLOS One / BBC News Brasil |
O Monte Vesúvio entrou em erupção, cuspindo lavas e
cinzas a até 20 quilômetros de suas encostas. As populações próximas foram
sepultadas sob um manto denso de rochas derretidas. Poucos conseguiram escapar.
Muitos que ainda estavam acordados tentaram, em vão, procurar abrigo.
Cerca de 300 pessoas se esconderam em 12 câmaras à
beira-mar perto da cidade de Herculano, mais próxima do vulcão que a vizinha
Pompeia. Os moradores de Herculano foram soterrados sob cerca de 20 metros de
cinzas.
Foto: Getty Images / BBC News Brasil |
Mais de 1,9 mil anos depois, os restos mortais de
dezenas de pessoas desse grupo foram analisados por uma equipe de cientistas
italianos, que determinaram pela primeira vez como foram seus últimos momentos
ao amanhecer.
A pesquisa, publicada na revista PLOS One, revela
que a avalanche de fluxos piroclásticos (nuvem de cinzas em altíssima
temperatura e gases venenosos) que cobriu os moradores fez o sangue deles
ferver e seus crânios explodirem.
As análises das ossadas indicam, de acordo com o
estudo, "um padrão generalizado de hemorragia induzida pelo calor, aumento
da pressão intracraniana e ruptura do crânio".
COMO CHEGARAM A ESSA CONCLUSÃO?
Ao analisar os restos mortais, a equipe de
arqueólogos da Universidade de Nápoles Federico II, na Itália, descobriu um
detalhe que havia sido ignorado em pesquisas anteriores: uma poeira preta e
avermelhada impregnada nos ossos.
Um estudo posterior do material, realizado por meio
da espectroscopia de plasma (técnica de análise química), mostrou que os
resíduos eram compostos principalmente de óxido de ferro. Mas foi constatado
que os restos mortais das vítimas não estavam em contato com objetos de metal.
Uma nova análise determinou, então, que se tratava
da "degradação térmica da hemoproteína das vítimas da erupção", ou
seja, do sangue delas.
O estudo sugere, portanto, que as pessoas morreram
devido à rápida evaporação de fluidos corporais e tecidos moles em decorrência
da exposição ao calor extremo.
"Essa descoberta extraordinária está ligada
aos crânios cheios de cinzas, o que indica que após a evaporação de líquidos
orgânicos, o cérebro foi substituído por cinzas", indica o estudo.
"A presença dessa cinza em todas as vítimas,
mesmo naquelas que apresentam menos efeitos do calor, fornece indício de que a
onda foi quente e fluida o suficiente para penetrar na cavidade intracraniana
logo após o desaparecimento dos tecidos moles e dos fluidos orgânicos",
acrescenta.
De acordo com os pesquisadores, esta é a primeira
evidência experimental que mostra a rápida evaporação de fluidos corporais e
tecidos moles após a erupção do Vesúvio.
E O QUE ACONTECEU EM POMPEIA?
Segundo o estudo, na fase inicial da erupção
vulcânica, as primeiras mortes foram consequência do desabamento de telhados e
pavimentos devido ao acúmulo de pedras e cinzas.
Nas horas seguintes, os habitantes de Pompeia,
Herculano e outras cidades próximas que não conseguiram sair a tempo foram
soterrados por nuvens piroclásticas.
Mas, no caso de Pompeia, a morte foi "menos
trágica", segundo Pierpaolo Petrone, responsável pelo estudo.
"Em Pompeia, localizada a cerca de 10
quilômetros do vulcão, a temperatura era mais baixa, cerca de 250-300 °C. Foi o
suficiente para matar as pessoas instantaneamente, mas não o bastante para
fazer evaporar a carne de seus corpos", explicou à revista Newsweek.
De acordo com o especialista, depois que as cinzas
esfriaram, ao redor dos corpos intactos, o lento desaparecimento da carne
deixou uma cavidade ao redor do esqueleto, o que permitiu que fossem
preenchidas com gesso - foi assim que os corpos de algumas vítimas foram
preservados em Pompeia. (Fonte: Lance/Terra)
Um bom final de semana a todos.
Ari