FRAIBURGO

02 julho 2012

Paulo Sant'ana

Há muitos anos acompanho o jornalista gaúcho Paulo Sant'ana. Seu jeito despojado e inteligente me fascina. Gremista doente, ele escreve coisas simples, mas com uma profundidade que poucos são capazes de alcançar. O texto, que foi publicado em Zero Hora de 02/07/2012, nos mostra isso. Foi um discurso/homenagem que ele fez a um amigo quando participou dos festejos de seu aniversário, neste final de semana. Vale a pena ler até o fim e refletir.

"Desce a adolescência, estudei filosofia, mas nas horas vagas cumpri religiosamente um vício adquirido na infância, no casario da Chácara das Bananeiras, o vício do jogo.

Jogávamos bambá, quatro rodelas de casca de laranja, de um lado elas eram amarelas, do outro brancas. Atirávamos para o ar as quatro rodelas, se caissem no cháo duas amarelas e duas brancas, ganhávamos, se caísse uma só amarela ou branca, perdíamos.

Inicialmente jogávamos por objetos, mais tarde passamos a jogar por dinheiro. E por dinheiro joguei pife-pafe, pontinho, pôquer, joguei de tudo.
Hoje, tornadas ilícitas todas as apostas, viciado em maquininha que sou, obriguei-me só a apostar no turfe, único jogo permitido, sei pouco dele, mas é o único lícito no meu país, junto com as loterias.

E jogo muito em loterias. Mas entre todos os vícios que tenho, inclusive o cigarro, o vício mais insistente que tenho, o mais incurável, o vício que vai  me levar para o túmulo é o de cultivar e amar os meus amigos. Aprendi filosofia e a emprego somente em conviver de modo devotado com meus amados amigos".

Precisa-se de uma mensagem e um presente melhor que isso?

Abraço a todos.

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