Por
Percival Puggina. Artigo publicado em 13.10.2015
"Eduardo Cunha foi um exemplo que caiu dos céus no inferno moral
brasileiro. Ele está aí como um divisor de águas. Surpreso, leitor?
Acalme-se,
o petismo ainda não conseguiu me enlouquecer.
Eduardo Cunha obteve seu primeiro mandato como deputado federal pelo
PMDB, em 2003, ou seja, ele acompanhou como deputado da base três dos quatro
mandatos presidenciais petistas. O dinheiro que está depositado em suas contas
na Suíça foi conquistado com o "suor de seu rosto" nas mesmas
falcatruas que enriqueceram outros parlamentares dos partidos que apoiam o
governo. Participou dos mesmíssimos trambiques que custearam as campanhas
presidenciais petistas. Só se afastou do governo em fins de 2013 quando
percebeu que as fissuras abertas no apoio a Dilma poderiam lhe proporcionar a
presidência da Câmara dos Deputados. De fato, somando as perdas do governo com
os ganhos da oposição ele superou por vários corpos de vantagem, o parelheiro
da comissária, o arrogante deputado Arlindo Chinaglia.
A inimizade estabeleceu-se instantaneamente. O governo afundava em
escândalos e a economia em crises. Cunha tornou-se, então, figura-chave para
viabilizar um incontornável processo de impeachment. E é a partir desse exato
momento que se justifica a frase inicial deste artigo: Cunha caiu dos céus no
inferno moral brasileiro.
Primeiro, e principalmente, porque foi dentro das investigações
referentes à operação Lava Jato que seu nome surgiu na ribalta dos escândalos.
Ora, para quem dizia que a operação era uma armação golpista, nada mais contragolpista
do que desmoralizar o arqui-inimigo do governo. Acho que isso até os petistas
entendem: a denúncia contra Cunha é atestado de isenção da Lava Jato. Segundo,
porque o fato separa nitidamente duas atitudes morais. De um lado, a dos que
defendem com unhas, dentes e os mais encardidos sofismas um governo que
apodreceu sob a ação de seus "heróis do povo brasileiro". De outro, a
atitude dos que colocavam esperanças na atuação de Eduardo Cunha como
presidente da Câmara dos Deputados. No entanto, meteu o pé na jaca? Fez o que
não se faz? Dane-se e pague a conta de seus atos! Ele não tem em seu favor
senão vozes isoladas entre mais de cem milhões de brasileiros que querem ver o
petismo pelas costas. Responda-me, agora, leitor amigo: isso não revela duas posições
moralmente opostas - a daqueles para quem o poder vale mais do que a honra e a
daqueles que não sacrificam dignidade em nome de causas políticas?
Por fim, um exemplo adicional. Os petistas militantes, os que estão para
o que der e vier, em flagrante desrespeito à verdade (e este é o primeiro
degrau na escada da corrupção) querem fazer de Eduardo Cunha um exemplo da
corrupção oposicionista, mesmo sabendo que foi dentro dos contratos dos
governos petistas, enquanto membro da base, que ele acumulou a fortuna
localizada em bancos da Suíça".
Bom final de semana a todos.
Ari
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