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Foto: Hospital Moinhos de Vento (Divulgação) |
Levantamento do Hospital Moinhos de
Vento mostrou que fumódromo ao ar livre tinha ar mais poluído do que o normal.
Embora diversos estudos já tenham
comprovado a associação direta entre a exposição involuntária à fumaça do
cigarro em ambientes fechados e o aumento do risco de doenças pulmonares e
cardiovasculares, pouco se sabe sobre os efeitos do fumo passivo em lugares
abertos. Mas uma pesquisa do Hospital Moinhos de Vento, feita em parceria com a
Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), trouxe um
indício de que ficar exposto às substâncias tóxicas do cigarro em áreas ao ar
livre também pode causar prejuízos para a saúde.
A pesquisa teve duas frentes. Na
primeira, um aparelho foi usado para medir a qualidade do ar na área onde fumar
era permitido, localizada no bosque do hospital. Foi feita uma comparação com o
espaço ao lado, onde o cigarro era proibido. O fumódromo apresentou uma média
de 66mcg/m3 de partículas respiráveis no ar (poeira que tem capacidade de
chegar até o pulmão), com picos de 900. Do outro lado, durante os 10 dias de
coleta, as médias foram inferiores a 25, índice preconizado como aceitável
pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Em um segundo momento, os
pesquisadores fizeram um bio monitoramento nas plantas que ficavam próximas ao
fumódromo e em vegetais 40 metros distantes. Nas que se localizavam perto do
ambiente onde o cigarro era permitido, houve uma grande concentração de metais
pesados como alumínio, ferro, zinco e cobre, – de 10 a 15 vezes mais em relação
ao local não exposto ao fumo. O estudo verificou que, nessas plantas, ocorreu
uma mutação no desenvolvimento do pólen, ao contrário das que se estavam na
área ao lado.
– Entre a maioria dos fumantes
existe a crença de que fumar ao ar livre não faz mal. Embora a gente não tenha
feito um estudo direto sobre a saúde dos humanos, indiretamente conseguimos
determinar que o fumo em ambientes abertos leva a uma grande concentração de
materiais particulados, o que consequentemente significa um ar de pior
qualidade, além de provocar uma modificação direta na genética das plantas.
Queremos reproduzir a pesquisa na metade de 2016, após um ano do fechamento do
fumódromo, para verificarmos se houve alterações – diz Sérgio Amantea,
coordenador da pesquisa.
A fumaça que sai do cigarro e se
difunde no ambiente tem até 50 vezes mais elementos cancerígenos do que a
fumaça inalada pelo fumante. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer
(Inca), a fumaça do cigarro tem aproximadamente 4.720 substâncias tóxicas
diferentes, que se constituem em duas fases fundamentais: a gasosa e a
particulada. A primeira contém, entre outros, o monóxido de carbono, que
dificulta a oxigenação do sangue.
Já a segunda possui alcatrão
(composto com 40 substâncias comprovadamente cancerígenas formado a partir da
combustão dos derivados do tabaco) e nicotina, considerada uma droga psicoativa
que causa dependência e age no sistema nervoso central como a cocaína, por
exemplo. A diferença é que a nicotina age de maneira mais rápida: chega ao
cérebro entre 7 e 19 segundos.
Luiz Carlos Corrêa da Silva,
presidente da Comissão de Tabagismo da Sociedade Brasileira de Pneumologia e
Tisiologia, reconhece o valor, sob o ponto de vista ambiental, da pesquisa
feita pelo Hospital Moinhos de Vento, mas prefere adotar cautela ao falar de
possíveis danos do fumo passivo em ambientes abertos:
– Nada se pode afirmar
objetivamente com relação à saúde humana. Para isso, seriam necessárias
observações sequenciais, por longo período de tempo, com grupos de pessoas que
frequentassem por tempo prolongado estes locais, com medidas específicas de
parâmetros de saúde. Estas condições são difíceis de se conseguir.
Pais fumantes devem evitar expor os
filhos às toxinas do produto.
Uma das diretrizes da
Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (CQCT) da Organização Mundial da
Saúde (OMS) diz que não existe nível seguro de exposição ao cigarro. Isto é,
por menor que seja o contato, o risco de que as pessoas venham a desenvolver
uma doença associada ao tabagismo é real, de acordo com a OMS.
Mas nenhum estudo ainda foi feito
no sentido de apresentar números que evidenciem a probabilidade de que isso
aconteça em lugares ao ar livre.
– Pode ser que, em algum momento, a
gente tenha como comprovar que algumas pessoas, em situações específicas de
maior exposição à fumaça em ambientes abertos, podem ter doenças. O que já se
sabe é que a fumaça é tóxica e, por algum tempo, ela permanece acumulada no ar,
diluindo-se mais rapidamente do que em lugares fechados – declara Tania
Cavalcante, coordenadora da Secretaria Executiva da Comissão Nacional para
Controle do Tabaco/Inca.
José Roberto Jardim, pneumologista
da Universidade Federal de São Paulo (USP), faz um alerta aos pais fumantes:
– Crianças pequenas, filhas de pais
fumantes, têm risco maior de desenvolver doenças respiratórias. Então, é claro
que se a mãe ou o pai segurarem o filho enquanto fumam, esse bebê vai ser
contaminado pelas substâncias tóxicas do cigarro, mesmo que eles
estejam em um ambiente aberto. (Fonte Jornal Zero Hora)
Um grande abraço a todos e boa semana.
Ari