FRAIBURGO

10 outubro 2020

A Força do Amor Inter-raciais na América

                                                

"Deus Todo Poderoso criou as raças branca, preta, amarela e vermelha, e colocou-as em continentes separados. Exatamente por isso é que não pode haver casamentos inter-raciais. O facto de Ele ter separado as raças mostra que Ele não tinha qualquer intenção para que as raças se misturassem" (Tribunal de Caroline, Virgínia, 1964).


Quando o pai do presidente Barack Obama se casou com a sua mãe, em 1961, os casamentos inter-raciais ainda eram proibidos em 22 dos 50 Estados americanos.


A questão da separação racial, o “apartheid” americano, existiu consagrado na lei desde 1886 e só terminou em 1964, com a aprovação da Lei dos Direitos Cívicos.


Ainda assim, foi só em 1967 que os casamentos mistos foram legalizados pelo Supremo Tribunal dos EUA. O caso que levou a esta tomada de decisão pela mais alta instância judicial americana foi apresentado por um casal birracial: Richard e Mildred Loving.

  

Richard Loving e Mildred Jeter


Richard Loving e Mildred Jeter conheceram-se quando Mildred tinha 11 anos e Richard 17. Ele era branco e ela tinha sangue africano e índio. Cresceram na pequena cidade sulista da Virgínia, Center Point, onde brancos e negros já há muito se tinham misturado informalmente, apesar da segregação racial vigente.


Brancos e gente de cor frequentavam escolas diferentes e não podiam partilhar os mesmos restaurantes.


Em 1958, quando Mildred tinha 18 anos, ficou grávida e, porque a lei do Estado da Virgínia proibia os casamentos inter-raciais, ela e Richard casaram-se na vizinha cidade de Washington. Seis meses mais tarde, a polícia forçou a porta da sua pequena casa em Center Point, no meio da noite, para lhes dar voz de prisão.


Os Loving foram metidos na cadeia e acusados de terem violado a Lei de Anti-misegenização em vigor no Estado da Virgínia e foram condenados a uma pena que os impedia de viver naquele Estado durante 25 anos.


Richard e Mildred Loving foram forçados a mudar-se para a capital americana, onde tiveram três filhos.


Em 1963, Mildred escreveu ao então Procurador-geral da Justiça, Robert Kennedy, apelando para a sua ajuda.


Robert Kennedy, o irmão do então presidente John Kennedy, a colocou em contato com a União das Liberdades Cívicas da América, que apelou do seu caso junto do Supremo Tribunal.


Em 12 de Junho de 1967, aquele tribunal aprovou o apelo do casal Loving e anulou as leis anti-micegenização em todos os 16 Estados americanos onde ainda se encontravam em vigor. O casal pode, finalmente, regressar à sua casa na Virgínia, onde viveram os resto das suas vidas. Richard morreu em 1975, quando um condutor embriagado bateu em seu carro. Mildred faleceu em 2008.


Grande abraço a todos e bom feriado.


Ari


 (Disponível em: https://www.voaportugues.com/a/usa-05-04-2011-voanews-121263259/1260171.html).

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