Vários estudos demonstraram que a lâmpada elétrica produziu mudanças nos
hábitos de dormir das pessoas, alterando a hora de irem para a cama e
levando-as a dormir menos horas. Em média, vamos para a cama e acordamos duas
horas mais tarde do que a geração anterior.
Em 2008, os US Centres for Disease
Control (Centros dos Estados Unidos para Controle de Doenças) disseram que um
terço (33%) dos trabalhadores adultos nos Estados Unidos dormem menos do que
seis horas por noite. Há 50 anos, cerca de 3% dormiam menos de seis horas.
Um outro estudo, feito
posteriormente, disse que quase a metade de todos os trabalhadores em regime de
turnos dorme menos de seis horas por noite no país.
E uma investigação feita pelo professor Charles Czeisler, da Harvard Medical School, em Boston, Estados Unidos, constatou que pessoas que leem livros eletrônicos antes de dormir demoram mais tempo para adormecer, apresentam níveis reduzidos de melatonina (hormônio que regula o relógio interno do organismo) e são menos alertas pela manhã.
Quando o estudo foi publicado, ele
disse: "Nos últimos 50 anos, houve um declínio na qualidade e na média de
duração do sono".
"E como cada vez mais pessoas
optam por usar aparelhos eletrônicos para leitura, comunicação e entretenimento
- particularmente crianças e adolescentes, que já vivenciam perda significativa
de sono - é urgente que se façam pesquisas epidemiológicas para avaliar as
consequências, a longo prazo, desses aparelhos sobre a saúde e a
segurança".
Muitas pessoas mantêm o celular
ligado em seus quartos durante a noite, o que aumenta os riscos de que seu sono
seja interrompido.
Alimentos como toucinho, queijo,
castanhas e vinho tinto também podem atrapalhar o sono.
Muitos estudos encontraram
associações entre a diminuição na quantidade de sono e obesidade, diabetes,
depressão e redução na expectativa de vida.
No entanto, alguns especialistas -
como o pesquisador James Horne, da Loughborough University, em Loughborough,
Reino Unido - dizem que há um certo exagero nessa discussão.
"Apesar de serem significativas
do ponto de vista estatístico, as alterações são provavelmente pequenas demais
para merecer interesse clínico", disse Horne à BBC.
"A maioria dos adultos saudáveis
dorme menos do que as tão faladas oito horas e o mesmo acontecia com os nossos
avós"
"Nossa média de sono caiu menos
de dez minutos nos últimos 50 anos. Qualquer obesidade e suas consequências
para a saúde atribuíveis a pouco sono são observadas apenas nas poucas pessoas
que dormem somente cinco horas. Nesses casos, o ganho de peso é pequeno - por
volta de 1,5 kg - o que é facilmente corrigido por uma dieta melhor e 15
minutos de caminhada robusta por dia - em vez de uma hora extra de sono",
argumentou o especialista.
Nos últimos dez anos, uma equipe de
pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da University of Surrey vêm
monitorando a saúde dos moradores da pequena cidade de Baependi, no sul de
Minas Gerais. Com 18 mil habitantes, a cidade permanece imune a certos aspectos
da modernidade. Por exemplo, muitos dos seus moradores acordam e vão dormir
cedo.
Ao final do estudo, a equipe espera
poder entender melhor a relação entre sono e saúde.
Um grande abraço a todos.
Ari
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