A melhor estratégia para
combater o mosquito Aedes Aegypti - transmissor da dengue,
febre chikungunya e Zika vírus - é retirar do ambiente todos
recipientes que acumulem água limpa? Se a pergunta for feita para o
doutor em Doenças Tropicais e Saúde Internacional André Luis Soares da
Fonseca a resposta será não!
"Retirar potinhos de água
não adianta nada. É uma estratégia errada. Você tem é que colocar potinhos de
água para a fêmea do mosquito botar os ovos, depois basta você jogar a água
fora e estará eliminando o problema", ensina André Luis que é médico
veterinário e professor de Imunologia na Universidade Federal de Mato
Grosso do Sul (UFMS).
Aedes Aegypti |
O professor explica que é adepto
da estratégia em sua casa e ensina aos seus alunos na universidade. "Retirar
os potinhos de água não funciona. Estamos fazendo isso há 10 anos e não
resolve", analisa.
"Depois de botar o ovo, o
mosquito morre. Você tem que colocar os potinhos de água em lugares que você se
lembre de retirar depois que a fêmea botar os ovos. Ao menos três vezes por
semana, você deve jogar a água fora. Se eu retirar todos os potinhos, o
mosquito vai procurar a caixa da água ou locais escondidos, que eu não vou
achar. Ajudando o mosquito a botar os ovos estou sendo mais inteligente do que
ele", acredita.
Dr. André Luis Soares da Fonseca |
A proliferação do mosquito se
deve a um "desequilíbrio ambiental imenso", segundo o professor. Para
ele, a teoria da higiene também está ajudando a aumentar a população do Aedes e
demais mosquitos. "Quem contra a população de mosquitos, as aranhas e
lagartixas. Porém, você não as vê mais nos ambientes", diz.
André Luis ataca também o fumacê amplamente usado
pelas prefeituras para combater o Aedes. "Isso não
funciona e agride o meio ambiente. O inseticida polui os mananciais de água.
Isso não tem efeito biológico contra dengue. Quando você usa o
fumacê para matar o mosquito, você também mata a aranha", explica.
O doutor alerta que, diante
da falta de predadores, os mosquitos se tornaram o topo da cadeia alimentar,
num grave desequilíbrio ambiental. Para ele, a saúde pública no Brasil
carece de críticas fundamentadas. "Hoje o País gasta milhões de
reais em estratégias que não funcionam (...) Quanto mais se usa inseticidas,
mais estamos agravando a situação da dengue, pois estamos eliminando não só os
mosquitos, mas seus predadores", critica.
Porém, ele enaltece as
iniciativas científicas, como os mosquitos transgênicos estéreis que
foram soltos em fase de teste no interior de São Paulo. Após liberado, o macho
de DNA alterado fecunda a fêmea que produzirá ovo infértil,
impedindo o nascimento de novos mosquitos. "Isso sim é ciência, é eficaz
de verdade. Deveríamos investir em tecnologias desse tipo", propõe. (Fonte: Diário Digital)
Um bom final de semana.
Ari
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